Missão de Murrupula

Missão de Murrupula
Caros e bons amigos dos doentes de lepra, em particular à APARF um abraço do tamanho do mundo para todos vós. Vós APARF e todos os que tornam possível a sua existência, em meu nome e de todos quantos beneficiam de qualquer modo do apoio prestado pela APARF o nosso MUITO OBRIGADO – BEM HAJAM.
 
E porque quem recebe agradece, quem dá, quem oferece é lógico que também partilhe esse seu gesto sabendo que nem tudo cai em saco roto; assim, vou procurar, embora um pouco sintetizado o que se tem feito neste espaço de tempo 1 ano, mas que efectivamente apenas 6 meses foi possível arrancar por exigências e dificuldades dos serviços de saúde.
 
Antes de passar à narração dos factos, quero agradecer à APARF esta oportunidade de estar próximo e poder fazer algo pelos mais pobres, a todos vós que tornais possível a continuidade da APARF, amigos e benfeitores. BEM HAJAM, pois as lepras são várias: lepra, propriamente dita, fome, doenças variadas, crianças carentes de tudo, etc, etc, etc.
 
Começo pelo transporte, há uma moto adquirida pela APARF para as deslocações que doutra maneira não era possível visto que a maioria dos caminhos são apenas caminhos de pé pelo interior da mata em distâncias desde os 30, 50 e 90 quilómetros.

Missão de Murrupula

O distrito de Murrupula – Província de Nampula – com uma área de 3.000 quilómetros quadrados tem 4 Centros de Saúde e 40 postos de concentração para atendimento e diagnóstico de novos casos de lepra, e distribuição de medicamentos respectivos. Cada um destes 40 postos têm 2 e 3 activistas voluntários que proporcionam as concentrações dado que o povo não vive em grandes comunidades, é muito solitário, daí uma grande dificuldade em trabalhar.

Em cada concentração faz-se campanha de informação, sensibilização e mais difícil responsabilização.

Muitas destas saídas obrigam a não ter refeição nem horário de regresso, só o que não pode faltar na mochila é uma garrafa de água, e assim, de 2ª a 6ª feira cá se vão percorrendo estes caminhos (do Amor) levando e fazendo o melhor possível. De quando em vez temos que andar dois no “Jaguar” de duas rodas e descapotável o que também dificulta um pouco, mas tudo é possível.

Além de estar no Serviço da lepra ainda executo várias tarefas em ajuda na missão, o tempo é pouco e corre veloz.

Doentes, entre casos novos e em tratamento temos um número variável de 400-450.
 
Um caso grave que foi detectado, é um indivíduo, ainda jovem, começou a fazer o tratamento em 1998/99, prazo de tratamento 1 ano; desse ano levantou apenas 7 doses, depois de várias tentativas para o localizar e trazer a tratamento, foi trabalho duro.
 
Está bastante afectado quer nos membros como na visão; assim, está sendo aplicado um tratamento especial reforçado com “Prednisolona” 6 meses – nome próprio é Prednipal embalagem de 6 cartões diferentes na cor, no conteúdo químico e na dosagem, ou seja: 1º – 40 mg (química base, em que cada carteira tem composição diferente); 2º – 30 mg, 3º – 20 mg, 4º – 15 mg, 5º – 10 mg e 6º – 5 mg.
 
Veremos com o tempo o resultado, pois à partida o seu estado é desencorajador e tecnicamente perdido.
 
As faltas ao tratamento é um dos grandes problemas, no entanto, os serviços de saúde estão providenciando com as autoridades locais/tradicionais uma maior sensibilização e responsabilidade por parte dos doentes.

A luta está lançada, tem pernas para andar, é necessário que todos colaborem para a erradicação.

Na tuberculose também o programa está lançado e a fecundar, como em tudo, neste país e neste povo, com dificuldades.
 
Ficarei por aqui, caros amigos, com a promessa de voltar a dar notícias.
 
Grande abraço para todos e que Deus nos abençoe a todos e cada um com o seu trabalho diferente, mas para um fim comum.
 
Bem hajam e um até breve.
V/Amigo Ângelo Bouça
(Voluntário APARF)